Mísseis nucleares, drones poderosos e armas secretas: como o poderio militar da China ameaça os EUA; INFOGRÁFICO

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China revela mísseis nucleares intercontinentais em desfile militar
A China chamou a atenção do mundo na quarta-feira (3) ao realizar o maior desfile militar da sua história. A cerimônia marcou os 80 anos da derrota do Japão no fim da Segunda Guerra Mundial. No evento, o país indicou ter atingido um avanço tecnológico significativo. Mas afinal de contas, a China já conseguiu alcançar os Estados Unidos na corrida militar?
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▶️ Contexto: O governo chinês exibiu novos mísseis nucleares, drones, sistemas de defesa e aeronaves, indicando que o país teria capacidade de atingir qualquer ponto do planeta.
Pela primeira vez, a China mostrou sua tríade nuclear completa, incluindo o míssil balístico intercontinental DF-5C, com alcance de 20 mil km.
O presidente chinês, Xi Jinping, aproveitou o evento para enviar recados, afirmando que o mundo está diante de uma escolha entre guerra e paz.
Antes do desfile, Xi havia apresentado sua visão de uma nova ordem mundial, pedindo unidade contra a “hegemonia e a política de poder”, em uma crítica velada aos EUA.
A cerimônia contou com a presença do presidente russo, Vladimir Putin, e do líder supremo da Coreia do Norte, Kim Jong-un.
Ainda durante o evento, em uma rede social, o presidente Donald Trump acusou Xi de conspirar contra os EUA junto de Putin e Kim.
🔍 Gunther Rudzit, professor de relações internacionais da ESPM, destaca que a principal questão é se a China conseguiria operar todo o aparato exibido de forma eficaz e integrada.
“Chegar ao patamar de conseguir operar essa força como os americanos operam… A guerra da Ucrânia mostrou que nem mesmo a Rússia, com experiência militar mais consolidada que a China, conseguiu”, afirmou.
Segundo ele, mais do que os mísseis exibidos, o que preocupa os Estados Unidos é a capacidade chinesa de guerra cibernética. Inspirada na doutrina de “vencer sem lutar”, a estratégia chinesa por visar atingir comunicações militares, redes de energia e até a própria internet americana.
Analistas afirmam ainda que o desfile serviu para sinalizar aos EUA que devem pensar duas vezes antes de um conflito com Pequim. O evento também mostrou que a China possui capacidade de operar de forma independente seu arsenal militar.
Nesta reportagem você vai ver:
As armas exibidas pela China
A comparação entre China e EUA
A análise de especialistas
1. As armas exibidas pela China
Mísseis balísticos intercontinentais DF-5C com capacidade de carregar ogivas nucleares são exibidos diante de espectadores em desfile militar em Pequim, na China, em 3 de setembro de 2025.
China Daily via Reuters
Mais de 50 mil pessoas acompanharam o desfile militar chinês diretamente da Praça da Paz Celestial, em Pequim. A cerimônia chamou atenção pela sincronia dos soldados e pela exibição de armamento pesado.
Pela primeira vez, a China mostrou ao mundo a chamada “tríade nuclear”, deixando claro que pode executar ataques altamente destrutivos por terra, mar e ar. Confira alguns deles:
JL-3: pode ser lançado por submarinos e tem alcance estimado de 10.000 km.
YJ-21: míssil hipersônico lançado pelo ar, com alcance de até 1.500 km. Um relatório do Congresso dos EUA afirma que ele “não pode ser interceptado por nenhum sistema antimísseis no mundo”.
DF-5C: míssil balístico intercontinental com alcance de 20.000 km. Isso cobre metade da circunferência do planeta e permite atingir praticamente qualquer país, graças às diferentes possibilidades de lançamento.
Durante o desfile, a China também apresentou versões aprimoradas de outros mísseis já conhecidos, sem detalhar especificações. Entre eles estão o DF-26D (hipersônico), quatro mísseis antinavio e os mísseis estratégicos CJ-1000 e CJ-20A.
Outro destaque foi o sistema antimísseis HQ-29, descrito por especialistas como “caçador de satélites”. Ele seria capaz de interceptar mísseis a mais de 500 km de altitude, além de satélites em órbita baixa.
Também chamaram atenção drones altamente tecnológicos, alguns sem identificação oficial ou detalhes divulgados por Pequim.
2. A comparação entre China e EUA
Os líderes da Rússia, Vladimir Putin, da China, Xi Jinping, e da Coreia do Norte, Kim Jong-un, durante desfile militar em Pequim, em 3 de setembro de 2025.
Florence Lo/ Reuters
As armas apresentadas pela China indicam o que o país tem de mais potente atualmente. Especialistas, no entanto, levantam dúvidas se todo o arsenal exibido já está plenamente operacional.
Outra questão é a capacidade nuclear chinesa. Atualmente, estima-se que Pequim possua cerca de 600 ogivas nucleares, com estoque em expansão. Esse número, no entanto, ainda está distante do potencial dos Estados Unidos, que têm mais de 5.000 ogivas.
É importante ressaltar que o governo americano também está desenvolvendo armamentos de nova geração. Entre eles estão o míssil hipersônico HACM e o míssil balístico intercontinental LGM-35A Sentinel.
Confira, a seguir, a comparação entre o arsenal exibido pela China e parte do principal armamento americano já em operação.
Veja o arsenal de China e EUA
Kayan Albertin e Thalita Ferraz/g1
3. A análise de especialistas
Para Gunther Rudzit, professor de relações internacionais da ESPM, o desfile chinês foi mais um espetáculo de propaganda nacionalista do que uma demonstração prática de capacidade militar.
Segundo ele, o grande desafio da China não está em produzir equipamentos avançados, mas em conseguir utilizá-los de forma integrada em combate — algo que nem mesmo a Rússia, com mais experiência militar, demonstrou na guerra da Ucrânia.
“Será que os militares chineses conseguiriam enfrentar uma estrutura militar americana que já pratica essa capacidade há décadas?”, questiona.
Rudzit destacou ainda que, embora os mísseis e drones apresentados chamem atenção, a maior preocupação dos Estados Unidos está na capacidade chinesa de guerra cibernética.
“Os chineses preferem ganhar a guerra sem ter que lutar. E como é que eles conseguiriam isso? Fazendo com que as estruturas americanas não funcionem, como a internet e as comunicações militares, e derrubando a distribuição de energia elétrica. E isso se faz no cybercampo.”
“É uma grande ameaça. Só que isso não aparece em discurso militar, né? E nem deve aparecer.”
Pessoal da Força Aeroespacial da China (ASF) marcha durante desfile militar na China
REUTERS/Tingshu Wang
Outro ponto ressaltado pelo professor é a instabilidade dentro das Forças Armadas chinesas, marcada por sucessivos expurgos de generais, sobretudo na Força de Foguetes, responsável pelos mísseis intercontinentais.
“Isso mostra que existem sérios problemas dentro da China, principalmente nas estruturas militares. Eles provavelmente foram afastados por problemas de corrupção”, analisa Rudzit.
Outros analistas ressaltaram que, apesar das dúvidas sobre a experiência de combate, o desfile mostrou que a China já não depende de tecnologia estrangeira.
A produção própria de mísseis, drones e sistemas de defesa é vista como sinal de maior independência militar e de capacidade de sustentar um eventual conflito por mais tempo.
Em entrevista à Associated Press, Meia Nouwens, pesquisadora sênior de política de segurança e defesa chinesa no Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, afirmou que a exibição dos sistemas chineses é significativa.
“Essas são capacidades cada vez mais destinadas a sinalizar aos Estados Unidos que devem pensar duas vezes antes de entrar em um conflito, caso ele ocorra, em apoio a Taiwan”, afirma.
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