Em meio a tensões com a Venezuela, secretário de Guerra dos EUA visita navio enviado ao Caribe: 'Não é treinamento'

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Em meio a tensões com Venezuela, secretário de guerra dos EUA faz visita a navio no Caribe
O secretário de Guerra dos Estados Unidos, Pete Hegseth, fez nesta segunda-feira (8) uma visita surpresa a um navio militar deslocado para o sul do Caribe, perto da costa da Venezuela. O governo americano não divulgou a localização da embarcação.
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A visita acontece dias depois de um ataque norte-americano contra um barco carregado com drogas que navegava pelo Caribe. Segundo o presidente Donald Trump, a embarcação havia saído da Venezuela com destino aos EUA. Onze pessoas morreram.
Atualmente, oito navios da Marinha dos Estados Unidos foram deslocados para áreas próximas da Venezuela. Segundo a agência Reuters, sete estão no Caribe, e um está no Oceano Pacífico. O governo justifica a ação como parte de uma operação contra o narcoterrorismo.
Em uma publicação no X, o Departamento de Guerra dos EUA anunciou que Hegseth havia pousado no USS Iwo Jima, um dos navios enviados para a região. Na sequência, o órgão divulgou um vídeo que mostra o chefe do Pentágono discursando para militares.
“O que vocês estão fazendo agora não é treinamento”, disse. “Este é um exercício real em nome dos interesses nacionais vitais dos Estados Unidos da América para acabar com o envenenamento do povo americano.”
Hegseth também comentou a decisão de Trump de mudar o nome do Departamento de Defesa para Departamento de Guerra:
“Agora, a razão pela qual gosto tanto do nome Departamento de Guerra não é porque eu ame a guerra, eu não amo, e nem você, é porque eu busco e amo a paz, e aqueles que amam e anseiam pela paz devem se preparar para a guerra”.
Nenhum outro detalhe da visita foi divulgado.
Mais cedo, Hegseth esteve em Porto Rico, para onde os Estados Unidos enviaram dez caças F-35 como parte da operação. Ele foi acompanhado pelo general Dan Caine, oficial de mais alta patente dos EUA.
Pete Hegseth, secretário de Guerra dos EUA, no USS Iwo Jima em 8 de setembro de 2025
Departamento de Guerra dos EUA
Porto Rico fica a cerca de 800 km da Venezuela. A ilha está no Caribe e é um território dos EUA, apesar de não ter status de estado, como o Havaí.
A governadora de Porto Rico, Jenniffer González, disse em uma coletiva de imprensa nesta quinta (8) que a visita de Hegseth significa uma “uma mensagem direta ao líder do cartel na Venezuela, Nicolás Maduro, de que os EUA não vão deixar passar mais nada”.
As movimentações acontecem em um cenário de escalada de tensões com a Venezuela. Na sexta-feira (5), Trump autorizou militares americanos a derrubarem caças venezuelanos que se aproximarem de forma “perigosa” de navios militares dos EUA.
O governo americano confirmou que dois caças da Venezuela sobrevoaram um navio de guerra dos EUA no Caribe na semana passada.
Ao comentar a ação militar norte-americana na região, Trump afirmou que não está discutindo uma mudança de regime na Venezuela. Ele também descreveu a reeleição do presidente Nicolás Maduro como “estranha” e acusou o país de enviar drogas e criminosos para os EUA.
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A operação dos EUA
EUA deslocam caças de combate para perto da Venezuela
Navios dos EUA foram enviados para o sul do Caribe, no fim de agosto, incluindo um esquadrão anfíbio, além de 4.500 militares e um submarino nuclear. Aviões espiões P-8 também sobrevoaram a região, em águas internacionais.
A operação se apoia no argumento de que Maduro é líder do suposto Cartel de los Soles, classificado pelos EUA como organização terrorista.
Os EUA consideram o presidente venezuelano um fugitivo da Justiça e oferecem recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à prisão dele.
No fim de agosto, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, se recusou a comentar objetivos militares da operação, mas disse que o governo Trump vai usar “toda a força” contra Maduro.
O site Axios revelou que Trump pediu um “menu de opções” sobre a Venezuela. Autoridades ouvidas pela imprensa americana não descartam uma invasão no futuro.
Enquanto isso, Caracas vem classificando a movimentação como uma “ameaça” e mobilizando militares e milicianos para se defender de um possível ataque.
Analistas ouvidos pela agência de notícias Reuters avaliam que a frota enviada ao sul do Caribe é desproporcional para uma simples ação contra o tráfico. Um esquadrão anfíbio, por exemplo, poderia ser usado para uma invasão terrestre.
O doutor em Ciência Política pelo IUPERJ Maurício Santoro, colaborador do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Marinha do Brasil, avalia que, em um primeiro momento, uma invasão terrestre pode ser inviável, mas um bombardeio é possível.
“É uma situação muito semelhante àquela do Irã, alguns meses atrás. O volume de recursos militares que os Estados Unidos transferiram para o Oriente Médio naquela ocasião, e agora para o Caribe, são indicações de que eles estão falando sério”, disse.
“Não é simplesmente um blefe. Há preparação para algum tipo de intervenção militar.”
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