Membros da comunidade LGBTQIA+ chegam para participar de vigília de oração na Igreja de Jesus, no centro de Roma
AP/Andrew Medichini
Centenas de católicos LGBTQIA+ e suas famílias participaram neste sábado (6) de uma peregrinação do Ano Santo em Roma. O evento, inédito em sua dimensão, foi incluído no calendário oficial do Vaticano para o Jubileu — celebração realizada a cada 25 anos.
Missa lotada em igreja jesuíta
A celebração ocorreu na Igreja de Jesus (Chiesa del Gesu), templo jesuíta no centro da capital italiana, e foi conduzida por dom Franceseco Savino, vice-presidente da Conferência Episcopal Italiana.
Durante a homilia, o bispo foi aplaudido de pé ao afirmar que o Jubileu sempre foi tempo de libertação e esperança para os que vivem à margem.
“É hora de restaurar a dignidade de todos, especialmente daqueles que foram privados dela”, disse Savino.
Andrea Mattei, segurando uma cruz, chega acompanhado de outros membros da comunidade LGBTQIA+
AP Photo/Andrew Medichini
Evento na programação oficial
A peregrinação foi organizada pela associação italiana Jonathan’s Tent e teve apoio de grupos como DignityUSA e Outreach, dos Estados Unidos.
Embora tenha sido listada no calendário oficial do Jubileu, o Vaticano ressaltou que a inclusão não significa endosso ou patrocínio.
Marianne Duddy Burke, da DignityUSA, lembrou que em 2000, durante o último Jubileu, peregrinos LGBTQIA+ chegaram a ser detidos.
“Agora, sermos convidados a atravessar a Porta Santa da Basílica de São Pedro, reconhecidos em nossa fé e identidade, é motivo de grande celebração e esperança”, afirmou.
O legado de Francisco
O papa Leão XIV, eleito em maio, fez uma audiência geral para peregrinos, mas não citou o grupo especificamente.
Ainda assim, muitos participantes atribuíram o sentimento de acolhimento ao papa Francisco, que ficou marcado por gestos de aproximação desde 2013 — como a frase “Quem sou eu para julgar?” e a permissão de bênçãos a casais homoafetivos.
Francisco manteve a doutrina da Igreja, que considera atos homossexuais “desordenados”, mas multiplicou encontros com ativistas e comunidades LGBTQIA+.
Justin Del Rosario (esq.) e John Capozzi participam de vigília da comunidade LGBTQIA+ na Igreja de Jesus
AP Photo/Andrew Medichini
Histórias de retorno à fé
O norte-americano John Capozzi, presente na peregrinação com o marido, Justin del Rosario, contou que havia deixado a Igreja nos anos 1980, em meio à crise da Aids, mas voltou depois da postura mais inclusiva de Francisco.
“Eu era um católico enrustido. Com Francisco, pude dizer: sou católico, tenho orgulho disso e quero estar na Igreja”, disse.
Del Rosario afirmou que a eleição de Leão XIV reforçou essa continuidade.
“Francisco me influenciou a voltar. O papa Leão só fortaleceu minha fé”, disse.
Membros da comunidade LGBTQIA+ participam de uma vigília de oração.
AP Photo/Andrew Medichini
O posicionamento de Leão XIV
A posição de Leão XIV sobre fiéis LGBTQIA+ era alvo de dúvidas, já que em declarações antigas ele havia criticado o “estilo de vida homossexual”.
No entanto, já como cardeal, ele reconheceu o chamado de Francisco por uma Igreja mais inclusiva. Nesta semana, recebeu o padre jesuíta James Martin, defensor do acolhimento a católicos LGBTQIA+.
Após a audiência, Martin afirmou:
“Ouvi de Leão a mesma mensagem que ouvi de Francisco: o desejo de acolher a todos, inclusive os LGBTQIA+”.
“Lágrimas de esperança”
Na véspera da missa, uma vigília reuniu testemunhos de casais homoafetivos, familiares e religiosos. O padre italiano Fausto Focosi disse que a comunidade vive um tempo de superação.
“Nossos olhos conheceram as lágrimas da rejeição e da vergonha. Hoje, porém, brotam lágrimas novas, lágrimas de esperança.”
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