Assembleia Geral da ONU apoia criação de um Estado palestino, mas rejeita participação do Hamas

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Membros da Assembleia Geral das Nações Unidas votam sobre a questão da Palestina e a Implementação da Solução de Dois Estados, na sede da ONU em Nova York, EUA, em 12 de setembro de 2025.
Reuters/ Eduardo Munoz
A Assembleia Geral da ONU aprovou, nesta sexta-feira (12), uma resolução que visa promover uma solução de dois Estados para Israel e Palestina, mas exclui a participação do grupo terrorista Hamas.
O texto, apresentado por França e Arábia Saudita, foi adotado por 142 votos a favor, 10 contra (incluindo Israel e seu principal aliado, Estados Unidos) e 12 abstenções.
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Israel já posicionou contra a declaração assinada pela ONU. Em uma rede social, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Oren Marmorstein, escreveu que a decisão é “vergonhosa” e não “favorece uma solução para a paz”, uma vez que “encoraja o Hamas a continuar a guerra”.
Embora Israel critique há quase dois anos os organismos das Nações Unidas por sua incapacidade de condenar o ataque do Hamas ao território israelense em 7 de outubro de 2023, a resolução da ONU repudia o grupo terrorista.
“Condenamos os ataques perpetrados em 7 de outubro pelo Hamas contra civis” e o “Hamas deve libertar todos os reféns” ainda sob seu poder em Gaza, afirma.
O texto, respaldado pela Liga Árabe e assinada em julho por 17 países durante a primeira parte de uma das conferências da ONU sobre a solução de dois Estados, vai mais além.
“No contexto da finalização da guerra em Gaza, o Hamas deve deixar de exercer sua autoridade sobre a Faixa de Gaza e entregar suas armas à Autoridade Palestina, com o apoio e a colaboração da comunidade internacional, conforme o objetivo de um Estado palestino soberano e independente”, sinaliza o texto.
A votação antecede uma próxima cúpula da ONU copresidida por Riad e Paris em 22 de setembro em Nova York, na qual o presidente da França, Emmanuel Macron, prometeu reconhecer formalmente o Estado palestino.
‘Escudo’ contra críticas
“O fato que a Assembleia Geral finalmente apoie um texto que condena diretamente o Hamas é significativo”, embora os israelenses digam que “é pouco demais e tarde demais”, afirmou Richard Gowan, do International Crisis Group.
“Agora, pelo menos, os Estados que apoiam os palestinos podem refutar as acusações israelenses segundo as quais apoiam implicitamente ao Hamas”, declarou à AFP. Isto “oferece um escudo contra as críticas de Israel”, adicionou.
Além da França, outros países anunciaram sua intenção de reconhecer formalmente o Estado palestino durante a semana da Assembleia Geral da ONU, que começa em 22 de setembro.
O gesto é visto, além disso, como uma forma de aumentar a pressão sobre Israel para encerrar a guerra em Gaza.
O texto também defende a “finalização da guerra em Gaza” e uma “solução justa, pacífica e duradoura do conflito israelense-palestino, baseada em uma implementação genuína da solução de dois Estados”, uma posição comum da Assembleia.
Em previsão de um futuro cessar-fogo, também menciona o desdobramento de uma “missão internacional temporária de estabilização” em Gaza, sob mandato do Conselho de Segurança da ONU, para proteger a população, apoiar o fortalecimento das capacidades do Estado palestino e fornecer “garantias de segurança à Palestina e a Israel”.
Aproximadamente três quartos dos 193 Estados-membros da ONU reconhecem o Estado palestino proclamado pelos líderes deste território no exílio em 1988. O Brasil é um deles.
No entanto, após quase dois anos de guerra na devastada Faixa de Gaza, a expansão da colonização israelense na Cisjordânia e as intenções de funcionários israelenses de anexar este território ocupado, cresce o temor de que a criação de um Estado palestino independente seja fisicamente impossível.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reiterou na quinta-feira: “Não haverá um Estado palestino”. Seu aliado, os Estados Unidos, já anunciou que o presidente palestino, Mahmud Abbas, não obteria o visto para viajar a Nova York.
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