Manifestante acena com bandeira do Nepal para multidão em cima de veículo durante protesto na entrada do Parlamento do país em Catmandu, no Nepal, em 8 de setembro de 2025.
REUTERS/Navesh Chitrakar
O primeiro-ministro do Nepal, KP Sharma Oli, renunciou ao cargo nesta terça-feira (9), após a repressão aos protestos populares contra as restrições impostas às redes sociais pelo governo ter resultado em 19 mortes e mais de 100 feridos.
“Renunciei ao cargo de primeiro-ministro com efeito a partir de hoje (…) a fim de dar novos passos em direção a uma solução política e à resolução dos problemas”, declarou o primeiro-ministro em uma carta dirigida ao presidente.
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Manifestantes protestaram contra o governo nepalês na segunda-feira em frente ao parlamento, na capital Catmandu, e entraram em confronto com a polícia após tentarem invadir a casa legislativa, o que resultou nos mortos e feridos, um recorde de violência em protestos no país, segundo autoridades do país.
A polícia disparou gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar a multidão, composta em sua maioria de jovens. A população protestava
Segundo a TV estatal nepalesa, as pessoas protestavam na capital Catmandu contra um bloqueio das redes sociais imposto na semana passada e por acusações de corrupção contra o governo. Entre as redes sociais bloqueadas na semana passada estão o Facebook e o Instagram. O bloqueio não foi bem recebido pela população de 30 milhões de habitantes do país, dos quais cerca de 90% usam a internet.
O governo justificou o bloqueio porque as plataformas não colaboraram com a Justiça do país para combater uma onda de abusos online no país, em que usuários de redes sociais com identidades falsas estavam espalhando discurso de ódio, notícias falsas, cometendo fraudes e outros crimes por meio de algumas plataformas.
As autoridades impuseram toque de recolher ao redor do prédio do parlamento depois que milhares de manifestantes tentaram entrar no Legislativo rompendo uma barreira policial. Um porta-voz da polícia local, Muktiram Rijal, disse à Reuters que a medida decorreu dos manifestantes terem “ficado violentos”.
Rijal afirmou que a polícia recebeu ordens para usar canhões de água, cassetetes e balas de borracha para controlar a multidão.
Vários manifestantes ficaram feridos e foram levados a um hospital próximo, disse uma testemunha da Reuters. Um grupo de manifestantes parou um veículo de segurança que seguia em direção ao parlamento, e uma ambulância foi incendiada, acrescentou o porta-voz da polícia.
Ekram Giri, porta-voz do parlamento do Nepal, disse que alguns manifestantes entraram no terreno do parlamento, mas não chegaram ao prédio principal. Eles foram retirados pela polícia e se reagruparam na rua do lado de fora, afirmou.
O toque de recolher foi estendido para a área de Singha Durbar, em Katmandu, que inclui o gabinete do primeiro-ministro, outros ministérios, a residência do premiê e a casa do presidente, acrescentou Rijal.
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Protestos em outras cidades
A polícia informou que protestos semelhantes também foram organizados em Biratnagar e Bharatpur, nas planícies do sul, e em Pokhara, porta de entrada para o Monte Annapurna, a 10ª montanha mais alta do mundo, no oeste do Nepal.
Mais cedo nesta segunda-feira, milhares de jovens, incluindo estudantes, muitos em uniforme escolar ou universitário, foram impedidos pela polícia de marchar em direção ao prédio do parlamento, onde manifestações não são permitidas.
Os manifestantes carregavam a bandeira nacional e cartazes com slogans como “Fechem a corrupção, não as redes sociais”, “Desbloqueiem as redes sociais” e “Jovens contra a corrupção”, enquanto marchavam por Catmandu.
Imagens de TV mostraram alguns manifestantes atirando objetos contra policiais em trajes de choque, aglomerados em um ponto, enquanto a fumaça das bombas de gás lacrimogêneo tomava a rua. Manifestantes também empurraram e derrubaram barreiras policiais.
Muitos no país do Himalaia acreditam que a corrupção é generalizada, e o governo do primeiro-ministro K.P. Sharma Oli vem sendo criticado por opositores por não cumprir suas promessas.
O bloqueio das redes sociais no Nepal ocorre em um momento em que governos de todo o mundo, incluindo EUA, União Europeia, Brasil, Índia, China e Austrália, adotam medidas para aumentar a fiscalização sobre as mídias sociais e as big techs, diante da crescente preocupação com desinformação, privacidade de dados, danos online e segurança nacional.
Críticos afirmam que muitas dessas medidas correm o risco de sufocar a liberdade de expressão, mas reguladores dizem que controles mais rígidos são necessários para proteger os usuários e preservar a ordem social.
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